quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Amélia é que era mulher de verdade...

O despertador toca e eu não tenho nem forças para lançá-lo contra a parede, embora essa vontade me consuma por dentro todas as manhãs...
Não queria ter que trabalhar hoje...
Queria ficar em casa, ouvindo música, cantarolando. Queria perder horas em um banho demorado e mais uma porção delas para escolher que roupa vestir.
Se tivesse filhos, gastaria a manhã brincando com eles, se tivesse um jardim, passaria um bom tempo suja de barro, mudando flores de lugar...
Se tivesse tempo, gostaria de dormir mais, fazer brigadeiro, me alongar...
Tudo menos sair da cama, e ter que colocar o cérebro pra funcionar.
Gostaria de saber quem foi a estúpida, a infeliz matriz das feministas que teve a “brilhante” idéia de reivindicar os direitos da classe...
Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós. Elas passavam o dia a bordar, trocar receitas com as amigas, ensinando segredos super úteis de molhos e temperos...
Ai vem uma qualquer, que não gostava de usar sutiã e contamina várias outras rebeldes desocupadas, cheias de idéias mirabolantes sobre: - vamos conquistar o nosso espaço, e pronto, o inferno começa!
Que espaço minha filha?
Você já tinha a casa inteira, um jardim bem planejado, um mundo cor de rosa todo aos seus pés.
Os homens dependiam de você para comer, vestir, para tudo!
Agora eles estão ai, são homens confusos, que não sabem mais que papéis desempenhar na sociedade, fugindo de nós mulheres, como o diabo foge da cruz... E a culpa é sua, mulher evoluída, tenho certeza que meia hora no cabeleireiro teria resolvido qualquer crise, e ainda teríamos nosso tão sonhado papel no lar doce lar.
Essa brincadeira de vocês, acabou nos enchendo de deveres, isso sim. E nos jogando direto no calabouço da solteirice aguda.
Por quê???... Digam-me por que um sexo que tinha tudo do bom e do melhor, que só precisava ser frágil, e ainda levava isso como uma vantagem altamente sedutora, resolve de uma hora pra outra conquistar um espaço que não o pertence...
Olha o tamanho do bíceps deles, da intensidade da voz grossa, da raquete que no corpo deles atende pelo nome de mão. Tava na cara que isso não ia dar certo!!!
E como se não bastasse ser cobrada por nós mesmas, de estar sempre em forma, depilada, sorridente, cheirosa e com as unhas feitas, eles ainda cobram e esperam exatamente isso e muito mais. Agora eles precisam admirar um bom currículo, compartilhar experiências e viagens, dividir opiniões e CONTAS!
Não era muito melhor ter passado a tarde fazendo um delicioso bolo de chocolate e assistindo a novela do vale a pena ver de novo?
Chega!Estou abdicando do meu posto de mulher moderna, troco pelo de boa e feliz Amélia. Alguém se habilita?
(Raíssa Mesquita)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Solteira!

Privilégio ou atestado de incompetência?
Hoje percebo as diferenças que existem no meu modo de pensar sobre os tão comentados relacionamentos sérios, nos valores que com o tempo foram mudando, na minha percepção geral sobre o positivo e o negativo de se estar namorando.
Antigamente via o namoro com um certo ar de conquista, de vitória. A crise de ciúmes que hoje me sufoca com conotação de cobrança, me parecia um simples sinal de bem querer. Hoje percebo o peso da independência conquistada, já não sei mais dividir minha vida e infelizmente os relacionamentos que beiraram namoro nos últimos tempos, vieram muito mais a me dividir (ou pelo menos tentar), do que propriamente acrescentar.
Não vejo valor nenhum em ter alguém do meu lado, para dividir meu tempo, ter que renunciar minhas preferências e de quebra, fazer de uma gota, a tempestade!
De contra partida a tudo isso, penso se não seria meu o atestado de incompetência perante o amor, vejo tanta gente feliz em seus namoros de anos, e tanta gente solteira infeliz por não ter um compromisso sério. Não seria eu, egoísta a ponto de julgar que qualquer um só roubaria o que tenho de melhor hoje? Sinceramente não sei, gosto de estar acompanhada, gosto da presença, gosto da segurança, mas gosto muito mais de mim. O meu amor dado, é finito. E acaba no exato momento em que ele, feri o meu amor próprio.
Essa necessidade de liberdade e essa auto-suficiência, são traços meus, e não acredito que mudem. Do amor, eu só espero alguém que venha a somar. Que não pretenda tirar nada da minha vida, nem dividir o que por direito é meu. Meu tempo, meu gosto, meu passado, meu jeito. Se esse amor não chegar, ou talvez nem existir, me contento com o privilégio de ir e vir, de chorar numa noite de quarta chuvosa por estar sozinha, de me acabar dançando até clarear o dia, de conhecer, de tentar e de não querer. Contento-me em ser solteira!
(Raíssa Mesquita)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A banalização do equilíbrio...

Tenho discernimento para perceber o que é certo ou errado, mas ainda não tenho experiência suficiente para saber a dosagem correta dos meus atos. Ou sou mais ou sou menos. Não sei viver, nem entender o meio termo. Saber manter o controle real de meus impulsos, aonde meu real equilíbrio, vai um pouco mais além do que, encantar uma platéia com tamanho autocontrole, que demonstro quando quero. É uma tarefa dificílima pra mim! Às vezes sou tão dramática que bastam alguns minutos de teatro para que eu mesma ria das minhas caras, bocas e atitudes ensaiadas. Confesso que o destino colabora com o lado cômico da minha vida. Saio para espairecer, caminho duas quadras e gasto toda a energia da minha brabeza num tombo cinematográfico. Coloco meus óculos escuros, vou dar uma volta disposta a chorar todas as minhas dores e encontro uma amiga a beira de um colapso na primeira esquina. E em poucos minutos lá estou eu consolando a pobrezinha, que de longe tem uma vida bem pior que a minha. Noutras situações resolvo bancar a mulher evoluída, zen, centrada, na verdade creio que “bancar” não seja o termo correto, porque em partes, eu até sou assim muitas vezes. São amizades de muito tempo que vejo aos poucos desmoronar, entre uma mentira e outra. As saudades que são cada vez maiores, e que diariamente me fazem pensar se tomei mesmo a melhor decisão. O nome, o cheiro, a presença dele que não sai da minha cabeça nem por um minuto. A raiva que sinto vendo as declarações cafonas no orkut dela. Mas mesmo me remoendo por dentro, finjo que está tudo na maior paz. Divirta-se, aproveite, seja feliz com a vida que você escolheu... isso é o máximo que consigo pensar ou dizer. Sigo com minha ironia cronica, como se nada nem ninguém tivesse importância pra mim. E assim vou acumulando todas as mágoas e frustrações, e tudo isso acaba se refletindo em atitudes exageradas, gostos exóticos e uma inconstância quase que patológica. Enquanto não encontro meu tão sonhado equilíbrio, venho me aventurando entre um texto e outro, tentando filtrar o que tenho de melhor e canalizar toda a minha revolta em frases ásperas, que não são exatamente direcionadas a alguém.Talvez eu seja uma daquelas pessoas, que encontra o equilíbrio no total desequilíbrio. Talvez eu saiba o que fazer e como fazer, mas extravasar me pareça muito mais reconfortante. Talvez, no fundo... eu não deseje mudar. Talvez, eu encontre a minha paz entre uma briga e outra!
(Raíssa Mesquita)