terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Tudo muda o tempo todo!

Às vezes tenho uma estranha impressão de que nada mais pode me surpreender. Sinto que não restam lágrimas ou esperanças, que não sobrou espaço para mais decepções, fantasias ou expectativas. Parece que eu espero mesmo que o improvável aconteça. Logo eu que sempre gostei tanto de surpresas, me deparo hoje com uma versão acomodada de mim mesma. Já não busco o extravagante, nem me encanto só com o desconhecido. O normal me agrada.

Talvez seja porque perdi as contas de quantas horas esperei sem saber, de quantas passagens só de ida tive que rasgar, de quantas interpretações medonhas de uma mesma frase obriguei-me a fazer para não entender o óbvio, o que eu não queria ver.

Talvez porque decorei cada sonho que permanece adormecido, cada plano que nunca saiu do papel. Talvez porque eu não queira esquecê-los ou apenas me sinta impotente diante deles.

Talvez porque cheguei ao estágio onde as pessoas realmente aceitam que o impossível existe sim, e por mais doloroso que isso seja, verdade seja dita, somos impotentes diante do impossível.

O destino fez questão de me demonstrar que os ventos podem mudar de direção a todo instante e que preciso estar preparada para desembarcar em qualquer lugar. Já não me assusta a idéia de jogar fora o velho roteiro e rabiscar outra vez o meu caminho. De mudar meu tom de voz, meu cabelo, meus hábitos. Não me assusta ter que descobrir em pessoas novas, grandes amizades. E em grandes amizades, pessoas novas, nem tão interessantes quanto antes.

No entanto, devo admitir que falar é muito fácil e sou ótima na teoria, mas na prática as coisas mudam muito. Basta que eu me distraia por um momento para que algo diferente aconteça e me pegue desprevenida.

Sem saber o que fazer ou falar: fico sem reação. Não sorrio, não choro, nem mesmo uma interjeição ousa sair da minha boca. Mesmo assim, não consigo deixar de lado a mania de viver tudo do meu jeito, de viver situações inimagináveis, de sonhar com um futuro distante e melhor.

Logo um friozinho percorre o meu corpo e traz a certeza de que a vida estará sempre disposta a me surpreender. Que as pessoas, assim como eu, mudam constantemente. Que os mesmo olhos castanhos, que hoje me arrancam suspiros, logo serão substituídos por um certo brilho verde, ou um azul mesclado.

E logo eu penso: Que alívio, tudo muda o tempo todo!

E meu amanhã será sempre uma surpresa.

Raíssa Mesquita