terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Um manual necessário?

Tão previsível quanto encontrar centenas de livros sobre como ser feliz, é descobrir um parágrafo, pagina ou capitulo que certamente todos eles têm:
"Como fazer qualquer pessoa se apaixonar por você". Interessantíssimo... Mas confesso que nunca consegui ler um livro desse estilo até o final. Não pense que por ser preconceituosa ou por não acreditar em leituras do gênero. Se os livros de auto-ajuda existem e fazem tanto sucesso devem de fato ajudar muitas pessoas a se sentirem melhores. Eu em especial, não vou me aventurar nesse tipo de leitura porque não confio em fórmulas para a felicidade, e muito menos em métodos para fazer as pessoas se apaixonarem por mim. Aliás, há sim uma única maneira de fazer alguém gostar verdadeiramente da gente: sermos sempre nós mesmos. Mas essa eu garanto, não está à venda e os risco de ganhos e perdas são incalculável.
O que seria o amor se nós tivéssemos que pensar em cada movimento, cada gesto, cada frase? Nada mais que um simples jogo, com direito a estórias e personagens fictícios. Falo por experiência própria, isso até funciona muito bem, até o momento em que você realmente se apaixona. Ai minha cara, controle passa a ser apenas uma ferramenta do mundo moderno para mudar de canal.
Ninguém vai gostar mais de você se você esperar dois dias antes de ligar, ou menos se você derramar molho de tomate na roupa durante o jantar. Tudo bem que seria muito mais inteligente de nossa parte, se conseguíssemos planejar nossos atos do começo ao fim, se soubéssemos a dosagem exata do quanto se entregar, se pudéssemos ver a fina linha que separa o doce do enjoativo.
Mas são justamente os detalhes que nos atraem em outras pessoas. Coisas próprias, impensadas e não planejadas. Pequenas particularidades que nos tornam seres únicos e encantadores.
O problema é que costumamos pensar que ser nós mesmos nunca é o suficiente. Nos preocupamos demais em agradar aos outros, negligenciando nossas prioridades, nossas vontades, ou nos perdemos em um teatro de “eu não preciso de você” e sem que se perceba, a outra pessoa envolvida acredita em suas duras frases planejadas e vai em busca de quem precise dela.
Quero falar o que penso, o que quero ou não quero. Quero dar minhas gargalhadas, falar de tudo da minha forma exagerada, chorar quando eu tiver vontade. Quero ser eu mesma, sempre! Afinal, não quero que gostem de uma versão inventada e falsa de mim, quero que me conheçam como sou, com minhas qualidades e defeitos, meus gestos e manias. Nunca prometi, nem vou prometer ser a pessoa certa para alguém, mas posso ser o melhor que já fui.
O manual que ensina como fazer qualquer pessoa morrer de amores por meus encantos, continua intocado para mim. Talvez se eu procurasse ler coisas desse tipo, eu aprenderia a evitar certas dores. Mas realmente, a idéia de não ter medidas, de jogar todas as fichas, de pagar pra ver, me agradam muito mais.
(Raíssa Mesquita)