domingo, 2 de novembro de 2008

CLOSET...

Sempre desejei um grande armário, um closet espaçoso, com muitas portas e gavetas. Onde eu pudesse dividir minhas roupas em cores. Engraçado que como uma regra, sempre fica aquela blusa branca, com estampas coloridas, que une todas as cores em uma peça só. Nunca sei em que categoria devo classificar essa blusa. Afinal ela tem um pouco de cada, ao mesmo tempo em que parece estar fora da sintonia de qualquer cor.Assim também são certas pessoas, como a blusa branca de estampas, também não as consigo enquadrar em nenhum dos meus tantos compartimentos pessoais. Sei que isso parece um tanto mecânico, classificar pessoas, mas realmente foi a maneira mais serena que encontrei para organizar meus sentimentos por natureza tão confusos.Ele poderia ficar na porta dos esquecidos, assim como a blusa branca de estampa colorida, poderia ficar entre as blusas pretas. Afinal ele já faz parte do passado a meses, e embora dentro de mim eu ainda questione o final, ele inevitavelmente aconteceu! Assim como o contorno preto das flores coloridas na blusa. Mas se ainda questiono-me a respeito, ele não é tão passado assim, e poderia perfeitamente ficar junto às pessoas marcantes que tive em minha vida, as que mesmo passando, deixaram muito em mim e constantemente são lembradas. Também a blusa, poderia ficar entre ás demais da cor vermelha, afinal a cor mais chamativa na estampa sempre vai ser o vermelho. Ainda acho precipitado enquadrar ele assim, sempre fui tão feliz ao lado dele, meus sorrisos constantes, minha gargalhada incontida, nossas conversas na cama, as criticas nada construtivas que sempre acabavam em muita risada. Vivi com ele momentos de exagerada euforia, e como a blusa, ele também ficaria perfeito na cor amarela. Alegre, vibrante, viva! Perfeito? Não acredito que eu tenha dito isso, realmente essa não é uma palavra que combine com ele, sua imperfeição é mais do que notável, é gritante. Assim como o tanto de lágrimas que por ele derramei, foram incalculáveis brigas, insinuações, desrespeitos. Nossa incompatibilidade sempre me foi muito clara, como o fundo branco da blusa, que justificaria a presença dela entre as demais da cor. É engraçado ter a consciência da dor vivida ao lado dele e ainda assim lembrá-lo com insubstituível de maneira absolutamente positiva. Fui mais humana, aprendi a perder, aceitei o fato de que não tenho resposta nem explicações para tudo, que embora minha cabeça sempre tenha sido muito centrada, meu coração é involuntário e que misteriosamente esse sentimento de impotência perante um verdadeiro amor, é bom e reconfortante!Como os rabiscos em tons de roxo na blusa não poderiam ser substituídos por nenhuma outra cor, também o papel que ele teve em minha vida, não poderia ser substituído por mais ninguém.Desisto!Não posso classificar ele em um único sentimento, nem a blusa branca que reúne todo o colorido, em uma só cor. Ficam a blusa e ele nomeados indescritíveis, mas pra sempre especiais!
(Raíssa Mesquita)