segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Do outro lado da porta...

Quando uma porta se fecha, provavelmente uma janela esteja escancarada ao seu lado! Mas o que acontece, se não quiser outro caminho se não o da porta? Se a janela embora prometa muito, não parece capaz de dar tudo o que se encontra do outro lado da porta. Tenho tentado me convencer de que tudo o que acontece na minha vida, é o melhor pra mim. Que mesmo os tombos são necessários pra me fazer mais fortes e que às vezes é preciso estar aberta pra mudanças bruscas e inesperadas, desvio de rota é mesmo muito normal.Infelizmente nosso inconsciente não entende o comando “não”! Não pensar, não falar, não querer. Só de desejar não sentir já sentimos. E ai a tentativa de me convencer a mudar o rumo das coisas, não passa de um projeto. E sobra uma saudade impertinente, que nem se compara à rua nova, a roupa limpa, a cor do céu na lagoa. Não existe mais a risada alta nos corredores do prédio, as conversas nas calçadas, a mania das pernas que nunca param, as estrelas em tudo o que a melhor companhia vestia, os doces no meio da tarde, as ligações que sempre me acordavam na madrugada, as manias do temperamento egoísta que eu tanto relutei em gostar.Gosto de mudanças, considero-me desapegada e não tenho o costume de idealizar nada pra mim. Mas tenho um coração, que é absolutamente independente de todo o resto, não obedece a comandos, não mede os prós e contras, não planeja.É estranho deparar-me com um infinito de novas possibilidades e não tirar da cabeça aquele pensamento turvo e empoeirado. Fico imaginando o motivo dessa nostalgia, penso se talvez não vivemos tudo o que deveríamos, se ainda não completei o ciclo que precisava, ou se era mesmo assim que estava escrito. Seja lá o que for, a verdade é que sou impotente perante a saudade. Não existe sentimento no mundo mais complexo, é confortante e doloroso ao mesmo tempo, e nos últimos meses é sem dúvida meu sentimento mais presente. Sinto saudades de coisas que eu nem julgava gostar. A ausência deixa um vazio sujo de lembranças dentro da alma, e são essas lembranças que deixam saudade.
(Raíssa Mesquita)